APCER Brasil – Por que um mercado de carbono regulamentado pode ser benéfico ao país?
Rita Ferrão – O mercado de carbono regulamentado pode trazer diversos benefícios para um país. O principal objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e incentivar a transição para uma economia de baixo carbono, além da redução das emissões de carbono podemos citar benefícios como estímulo à inovação e eficiência, geração de receita e estímulo econômico para um país, além do cumprimento de compromissos internacionais.
É importante destacar que a implementação de um mercado de carbono eficaz requer uma regulamentação sólida, monitoramento adequado e mecanismos de fiscalização para evitar fraudes e garantir a integridade do sistema. No entanto, quando bem projetado e implementado, o mercado de carbono pode ser uma ferramenta valiosa para mitigar as mudanças climáticas e impulsionar a transição para uma economia mais sustentável.
APCER Brasil – Quais tipos de empresa podem ingressar e se beneficiar do mercado de carbono?
Rita Ferrão – Todas as empresas interessadas em mitigar sua pegada de carbono podem ingressar e se beneficiar desse mercado, frequentemente empresas de energia, manufatura, mineração, refino de petróleo, cimento e siderurgia, são obrigadas a participar de um mercado de carbono devido às suas emissões significativas. Podem participar também empresas de energia renovável, como eólica, solar, hidrelétrica e biomassa, empresas de eficiência energética oferecendo soluções e tecnologias, empresas de reflorestamento e conservação de terras e empresas de consultoria e serviços de carbono.
É importante lembrar que a elegibilidade e os benefícios específicos podem variar de acordo com as regras do mercado de carbono em cada país ou região.
APCER Brasil – O mercado de carbono ajuda efetivamente ao meio ambiente?
Rita Ferrão – O mercado de carbono desempenha um papel importante para redução do aquecimento global, é importante ressaltar que a efetividade do mercado de carbono em relação ao meio ambiente depende de sua implementação e das políticas subjacentes, a comercialização dos créditos gerados pode ser um estímulo econômico e uma nova fonte de renda para as famílias, acreditamos nisso para alavancar o mercado, porém não há uma solução única para resolver as mudanças climáticas.
O mercado precisa ser parte de um conjunto mais amplo de políticas e medidas para atingir metas ambiciosas de redução de emissões. Além disso, é essencial que haja uma regulamentação sólida, transparência, monitoramento efetivo e mecanismos de verificação para garantir a integridade do mercado de carbono e evitar práticas fraudulentas ou ineficientes.
APCER Brasil – O mercado de carbono pode auxiliar a atingir as metas do Acordo de Paris?
Rita Ferrão – Sim, o mercado de carbono pode auxiliar e contribuir para o cumprimento das metas do Acordo de Paris. É possível gerar receitas que podem ser direcionadas para financiar projetos de sustentabilidade e mitigação, o mercado de carbono pode incentivar as empresas a investirem em tecnologias mais limpas e eficientes, para reduzir suas emissões, assim como é possível estabelecer um preço para as emissões de gases de efeito estufa (GEE), pois empresas podem vender créditos de carbono excedentes ou comprar créditos para cobrir suas emissões.
APCER Brasil – Por que há países que não conseguem atingir suas metas ambientais?
Rita Ferrão – Existem várias razões pelas quais alguns países podem enfrentar dificuldades para atingir suas metas ambientais, como desafios econômicos, dependência de combustíveis fósseis, políticas e governança deficientes, dificuldades tecnológicas e de infraestrutura, pressões socioeconômicas e demográficas.
Vale destacar que a complexidade das questões ambientais requer uma abordagem holística e colaborativa. Superar esses desafios requer ação conjunta entre governos, setor privado, sociedade civil e comunidade internacional para fornecer apoio financeiro, transferência de tecnologia, capacitação e compartilhamento de melhores práticas além de um trabalho forte de conscientização e educação da sociedade para o tema.
Rita Ferrão
Presidente da ABCARBON