*Por Paulo Bertolini, diretor-geral da APCER Brasil.
A insegurança viária traz prejuízos significativos para as empresas de transporte, que frequentemente lutam para lidar com os custos e interrupções resultantes de acidentes. A ISO 39001 – Sistema de Gestão de Segurança Viária – foi criada a partir desse cenário, para trazer maior segurança para as organizações.
Esta norma não apenas reconhece a urgência de enfrentar esses desafios, mas também estabelece um quadro estruturado para que as empresas adotem práticas de evolução a partir de resultados positivos, chegando a quase mitigação de acidentes viários. A ISO 39001 capacita as organizações para implementarem medidas proativas, desde a prevenção até a gestão de incidentes, visando a segurança dos colaboradores e a continuidade dos negócios.
Os dados do Painel CNT de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários ilustram esse cenário, totalizando 64.447 acidentes ocorridos em rodovias federais em 2022, 82% com vítimas lesionadas ou mortas. Esse número elevado trouxe um gasto público de R$ 12,92 bilhões – ultrapassando em quase 100% o valor investido, R$ 6,51 bilhões, na malha pública federal no mesmo ano.
Porém, não é só o setor público que paga por essa problemática, a insegurança no trânsito implica em taxas de absentismo para as organizações, até mesmo quando elas não trabalham exclusivamente com transportes. A ISO 39001 engloba também essas empresas, trazendo requisitos que auxiliam na redução do estresse entre os colaboradores, utilizando de transportes compartilhados para deslocamentos, estudo das mais seguras e rápidas rotas, flexibilidade de horários para driblar o tráfego intenso ou, se possível, até mesmo a adoção do homeoffice.
A norma possui uma abordagem com muitas vertentes, porém, não podemos ignorar o fato que para as empresas de transporte, a gravidade de um único acidente pode representar um risco de falência, caso a organização não esteja adequadamente preparada.
Na questão ambiental, o referencial considera a premissa que acidentes podem envolver substâncias tóxicas, gerando impactos destrutivos não só para os indivíduos, mas também ao meio ambiente.
Para adoção da ISO 39001, é necessária, primeiramente, uma avaliação do contexto da organização, analisando como minimizar os pontos fracos e maximizar os fortes. Estudo de rotas; implementação de tecnologia nos transportes para avisos de necessidade de manutenção e a educação dos colaboradores da organização, para que todos saibam quais medidas devem ser tomadas em caso de acidentes.
A norma é facilmente integrada com outras normas ISO, como a 45001 (Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional), 14001 (Sistema de Gestão Ambiental e a ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade), pois também seguem a mesma estrutura Anexo SL (Structure Level).
É importante ressaltar que a ISO 39001 não é um ponto final, mas um ponto de partida. A norma reconhece que o progresso é contínuo e incentiva a evolução de resultados. As empresas que abraçam essa regulamentação assumem um compromisso na questão de segurança viária, trilhando um caminho de responsabilidade, sustentabilidade e progresso.
*Paulo Bertolini é diretor-geral da APCER Brasil, uma empresa de origem portuguesa, reconhecida mundialmente como um dos principais prestadores de serviços de certificação, auditoria a fornecedores, auditoria interna e treinamento. A organização oferece soluções de valor a instituições de qualquer setor de atividade, permitindo que se diferenciem em um mercado cada vez mais complexo e em constante mudança. Conheça mais sobre os serviços oferecidos em: https://apcergroup.com/pt-br/