A Sedex (Supplier Ethical Data Exchange), entidade global que promove melhorias nas práticas comerciais, criou a SMETA, um dos modelos de auditoria ética mais utilizados no mundo.
A avaliação realizada com as diretrizes dessa auditoria permite a empresa medir seu desempenho socioambiental e traçar estratégias para melhorá-lo, mesmo que os resultados já sejam positivos. Para tratar mais sobre o assunto, a APCER conversou com o engenheiro em segurança do trabalho e auditor, Daniel Lobo.
Leia na íntegra:
APCER Brasil – Como a auditoria social SMETA auxilia no combate ao trabalho análogo à escravidão?
Daniel Lobo – A auditoria SMETA contribui diretamente de duas formas no combate ao trabalho escravo. A primeira é na identificação e na avaliação, uma vez que o auditor tem acesso à organização, é possível identificar e avaliar as condições de trabalho, tanto da empresa como da sua cadeia de fornecimento. Ajudando assim, a identificar situações potenciais de trabalhadores submetidos à condições de trabalho degradantes, jornadas exaustivas, servidão por dívida, entre outras características do trabalho análogo ao escravo.
Já a segunda forma de combate é através da transparência, já que a auditoria SMETA pode trazer transparência para as operações da organização auditada, permitindo que consumidores, investidores e outras partes interessadas tomem decisões informadas sobre com quem fazer negócios.
APCER Brasil – Por que a realização da SMETA é, muitas vezes, requisito para que empresas escolham seus fornecedores?
Daniel Lobo – De fato, a realização da auditoria SMETA é, muitas vezes, requisitos para que compradores escolham seus fornecedores, por vários motivos, primeiro por questões relacionadas aos valores e ética do comprador, que acredita em uma cadeia de negócios que respeite e compartilhe dos mesmos valores e integridade de negócio, dos quais ele (comprador) acredita. Questões relacionadas a diminuição de riscos, fornecedores que não respeitam padrões éticos ou legais podem resultar em interrupções na cadeia de fornecimento, litígios ou sanções. Outro fator importante é a reputação e imagem da marca, tudo isso faz com que haja uma forte pressão das partes interessadas (stakeholders) na realização de auditoria SMETA.
APCER Brasil – Quais outros benefícios uma auditoria SMETA pode trazer para a organização?
Daniel Lobo – Outros benefícios que eu vejo são mudanças organizacionais e criação de conscientização, já que as empresas auditadas SMETA são impulsionadas a realizarem mudanças nas práticas e estabelecerem políticas organizacionais de responsabilidade social.
Estabelecimento de padrões e Sistemas de Gestão, baseados em uma governança corporativa responsável e transparente, que são verificadas e auditadas durantes as auditorias.
APCER Brasil – Quais os principais pontos da SMETA que incentivam o trabalho ético?
Daniel Lobo – A SMETA tem um foco bastante forte em Sistemas de Gestão o que ajuda a empresa a melhorar continuamente suas práticas laborais, como sistemas de gestão anti-discriminação, gestão de horas trabalhadas, do trabalho migrante e da participação da mulher e de grupos vulneráveis. Sistemas de gestão são considerados efetivos quando conseguem demonstrar que aplicam o ciclo PDCA. Então, para cada sistema de gestão proposto pela SMETA, a empresa deve demonstrar que Planeja, Realiza, Verifica e Age (ajusta desvios). Empresas com problemas com excesso de horas extras, ou contratação não transparente conseguem eliminar ou reduzir gradualmente seus problemas quando implementam sistemas de gestão, o que permite a melhoria contínua dentro de áreas sensíveis.
APCER Brasil – A auditoria aborda questões de sustentabilidade?
Daniel Lobo – Sim, a SMETA possui 2 pilares obrigatórios: temas de sustentabilidade e integridade de negócios. Mas também há a opção das organizações optarem pela auditoria de 4 pilares, onde há a verificação de como a organização busca fomentar seus fornecedores para aderir práticas de sustentabilidade, responsabilidade social e ética nos negócios.
Fonte: Assessoria de imprensa da APCER Brasil