Decorrente do compromisso de abordar o tema das alterações climáticas, como referido na Declaração de Londres da ISO – International Organization for Standardization, a ISO e o IAF – International Accreditation Forum, realizaram uma alteração ao capítulo 4 da Estrutura Harmonizada (Apêndice 2 do Anexo SL nas Diretivas ISO/IEC Parte 1 Suplemento ISO consolidado). Pode aceder aqui para mais informação.
A norma ISO 50001 - Sistema de Gestão da Energia é uma das várias normas abrangidas por essa alteração.
O que deve ser considerado em um Sistema de Gestão da Energia segundo a norma ISO 50001?
Não existe uma abordagem padronizada para as considerações a ter sobre alterações climáticas num sistema de gestão da energia (SGE), de acordo com a norma ISO 50001. No entanto, partilhamos como referência, parte do texto retirado de um White Paper desenvolvido pelos parceiros da IQNET Association, da qual a APCER faz parte em representação de Portugal.
Essas considerações não são suficientes por si só nem consideradas completas, são apenas identificadas como as mais prováveis de serem analisadas pelas organizações:
Eficiência e conservação energética: As alterações climáticas intensificam a necessidade de maior eficiência energética como resposta ao aumento das temperaturas e às condições climatéricas extremas. Essa situação pode conduzir ao aumento da procura de energia, em especial no que respeita a sistemas de refrigeração.
Fontes de energia renováveis: Como parte da resposta às alterações climáticas, há uma mudança crescente para as fontes de energia renováveis. As organizações podem ter de explorar e integrar a energia renovável em suas operações, alinhando com os esforços globais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Gestão de riscos: As alterações climáticas podem introduzir novos riscos ou agravar os riscos existentes relacionados ao aprovisionamento e custos da energia, que têm de ser gerenciados para garantir que os processos relacionados com a energia permanecem resistentes face às alterações induzidas pelo clima.
Conformidade regulamentar: Com o crescente enfoque na redução da pegada de carbono e na sustentabilidade, os governos por todo o mundo estão desenvolvendo e implementando regulamentos relacionados com a utilização de energia e as alterações climáticas. As organizações devem ter em consideração estes novos requisitos para evitar sanções e danos reputacionais.
Adaptabilidade e resiliência operacional: As alterações climáticas podem afetar as condições operacionais e a disponibilidade de recursos. As organizações podem ter de adaptar a utilização de energia às condições de mudança, melhorando a resiliência e assegurando a continuidade das operações.
Gestão de custos: As flutuações nos custos de energia devido a fatores relacionados com o clima podem ter impacto na saúde financeira de uma organização. Uma gestão eficiente da energia pode ajudar a controlar e a reduzir os custos energéticos.
Redução da pegada de carbono: A abordagem às alterações climáticas implica a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Um SGE centrado na melhoria da eficiência energética e na incorporação de fontes de energia renováveis contribui significativamente para a redução da pegada de carbono de uma organização.
Outras considerações sobre Alterações Climáticas que todas as organizações certificadas pelas normas de sistemas de gestão abrangidas por esta emenda devem analisar
As organizações certificadas, independentemente do setor de atividade onde atuam e do tipo e âmbito do sistema de gestão, podem necessitar de rever e adaptar outros processos e considerar outras questões, de modo a melhor abordar e acomodar as mudanças no contexto, a evolução dos requisitos e as necessidades das partes interessadas, bem como os novos riscos decorrentes das alterações climáticas.
Formação e sensibilização: O enfoque e as práticas de gestão eficazes, no contexto das alterações climáticas, requerem pessoas informadas e conscientes. As organizações certificadas podem ter de incluir programas de formação que transmitam, aos seus colaboradores, os desafios e mudanças relacionados com o clima, assegurando que compreendem a natureza evolutiva dos riscos relacionados e as suas responsabilidades.
Envolvimento e comunicação com as partes interessadas: O envolvimento com as partes interessadas em questões de conformidade relacionadas com o clima é crucial. As organizações certificadas devem facilitar a comunicação e o envolvimento com as partes interessadas, incluindo investidores, clientes, organismos reguladores e a comunidade, sobre a forma como a organização aborda as questões de conformidade relacionadas com o clima.
Monitorização e melhoria contínua: Tendo em vista a natureza dinâmica das mudanças climáticas e dos seus impactos, as organizações certificadas devem ser capazes de monitorizar e melhorar continuamente. Tal garante que a organização possa adaptar as suas estratégias em resposta a novas informações, regulamentações e melhores práticas relacionadas com as mudanças climáticas.
Soluções inovadoras para uma maior resiliência: As organizações poderão ter de investir em soluções inovadoras para reforçar a resiliência face aos desafios e riscos induzidos pelo clima, e contribuir desta forma para um melhor desempenho e eficácia.
Planeamento estratégico a longo prazo: As organizações devem ter em conta as tendências e questões contextuais a longo prazo, incluindo as relacionadas com as alterações climáticas. Isto permite um planeamento estratégico que se alinha com os objetivos globais de sustentabilidade e com os esforços de mitigação das alterações climáticas.
Reputação e valor da marca: As organizações que não abordam os riscos das alterações climáticas ou que não adotam práticas sustentáveis podem sofrer em termos de reputação e valor da marca, uma vez que os consumidores e os investidores valorizam cada vez mais a sustentabilidade. Para algumas organizações, a perceção pública também pode ser crítica. As que não tomarem medidas adequadas para combater ou se adaptarem às alterações climáticas podem sofrer danos na sua reputação, o que pode ter um impacto direto na fidelidade dos clientes e no valor da marca.
Seguro e gestão de riscos: O aumento da frequência e da gravidade dos fenómenos meteorológicos pode conduzir a prémios de seguro mais elevados. Para as organizações com ativos físicos significativos, ou para as que operam em zonas de alto risco, isto pode representar um encargo financeiro substancial.
Identificação de novas oportunidades: As organizações podem também procurar oportunidades decorrentes da transição para uma economia mais ecológica, como o desenvolvimento de novos produtos ou serviços, melhorias de eficiência e o acesso a novos mercados.