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    Paulo Bertolini, Diretor-geral da APCER Brasil falou sobre a ISO 14001 e sua relevância na implementação das práticas ESG. As práticas ESG (Environmental, Social, and Governance – Ambiental, Social e Governança, em português) têm como objetivo melhorar o meio ambiente, as condições de trabalho dos colaboradores e promover uma gestão mais…
28 Jun 2024

Considerações sobre Alterações Climáticas num Sistema de Gestão Ambiental – ISO 14001

Considerações sobre Alterações Climáticas num Sistema de Gestão Ambiental – ISO 14001

Decorrente do compromisso de abordar o tema das alterações climáticas, como referido na Declaração de Londres da ISO – International Organization for Standardization, a ISO e o IAF – International Accreditation Forum, realizaram uma alteração ao capítulo 4 da Estrutura Harmonizada (Apêndice 2 do Anexo SL nas Diretivas ISO/IEC Parte 1 Suplemento ISO consolidado). Pode consultar mais informação aqui.

O que deve ser considerado num Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a norma ISO 14001?

Não existe uma abordagem padronizada para as considerações a ter sobre alterações climáticas num sistema de gestão ambiental (SGA), de acordo com a norma ISO 14001. No entanto, partilhamos como referência, parte do texto retirado de um White Paper desenvolvido pelos parceiros da IQNET Association, da qual a APCER faz parte em representação de Portugal.

Estas considerações não são suficientes por si só nem consideradas completas, são apenas identificadas como as mais prováveis de serem analisadas pelas organizações:

Aumento dos requisitos regulamentares: À medida que os governos de todo o mundo implementam regulamentos mais rigorosos para combater as alterações climáticas, as organizações certificadas podem ter de se ajustar para garantir a conformidade. Isto pode incluir limites mais rigorosos para as emissões, requisitos de comunicação mais exigentes e, potencialmente, a necessidade de participar no comércio de carbono, ou em incentivos relacionados.

Escassez de recursos, serviços de ecossistema e aumento de custos: As mudanças climáticas podem levar à escassez de recursos, como água e matérias-primas, e aumentar os custos de energia e de produtos. Esta situação pode afetar os aspetos económicos da gestão ambiental, exigindo que as organizações certificadas adaptem os seus processos e encontrem soluções mais sustentáveis e rentáveis. No âmbito do SGA, poderão ter de concentrar-se na eficiência dos recursos e em estratégias alternativas de aprovisionamento, para manter o desempenho.

Mudança nas prioridades ambientais: À medida que as alterações climáticas se intensificam, pode haver uma mudança nas prioridades ambientais, tanto a nível global como local, com um enfoque na redução das emissões de gases com efeito de estufa, melhorando a eficiência energética e promovendo fontes de energia renováveis, como exemplos. As organizações certificadas podem ter de ajustar o seu SGA para se alinharem com estas prioridades em constante mudança, assegurando que os seus objetivos e metas ambientais permanecem relevantes e ambiciosos.

Maior dificuldade em atingir as metas: As mudanças induzidas pelo clima, tais como condições meteorológicas mais extremas e alterações nos ecossistemas, podem dificultar as organizações certificadas a atingirem os seus objetivos ambientais. Por exemplo, uma organização com o objetivo de reduzir o consumo de água pode ter cada vez mais dificuldades durante secas prolongadas. Isto pode exigir um planeamento mais robusto e estratégias de gestão adaptativa.

Ajustes operacionais e oportunidades: As alterações climáticas podem motivar a necessidade de realizar ajustes operacionais, como a modificação de processos para reduzir a utilização de água em condições de seca, ou o aumento da eficiência energética para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa. Podem, também, apresentar outras oportunidades, como o desenvolvimento de novos produtos ou serviços amigos do ambiente.

Gestão da cadeia de fornecimento: Os impactos das alterações climáticas podem estender-se a toda a cadeia de fornecimento de uma organização, afetando a disponibilidade de matérias-primas e o desempenho ambiental dos fornecedores. As organizações poderão ter de trabalhar com os seus fornecedores para melhorar o desempenho ambiental. Isto pode implicar uma reavaliação dos fornecedores, com base na sua capacidade de gerir os riscos climáticos e no seu empenho em reduzir a sua pegada de carbono.

Outras considerações: relacionadas, por exemplo, com a preparação e a resposta a emergências, a alteração da relevância/significância dos aspetos ambientais ou as novas competências necessárias para a adaptação às alterações climáticas. 

 

Outras considerações sobre Alterações Climáticas que todas as organizações certificadas pelas normas de sistemas de gestão abrangidas por esta emenda devem analisar

As organizações certificadas, independentemente do setor de atividade onde atuam e do tipo e âmbito do sistema de gestão, podem necessitar de rever e adaptar outros processos e considerar outras questões, de modo a melhor abordar e acomodar as mudanças no contexto, a evolução dos requisitos e as necessidades das partes interessadas, bem como os novos riscos decorrentes das alterações climáticas.

Formação e sensibilização: O enfoque e as práticas de gestão eficazes, no contexto das alterações climáticas, requerem pessoas informadas e conscientes. As organizações certificadas podem ter de incluir programas de formação que transmitam, aos seus colaboradores, os desafios e mudanças relacionados com o clima, assegurando que compreendem a natureza evolutiva dos riscos relacionados e as suas responsabilidades.

Envolvimento e comunicação com as partes interessadas: O envolvimento com as partes interessadas em questões de conformidade relacionadas com o clima é crucial. As organizações certificadas devem facilitar a comunicação e o envolvimento com as partes interessadas, incluindo investidores, clientes, organismos reguladores e a comunidade, sobre a forma como a organização aborda as questões de conformidade relacionadas com o clima.

Monitorização e melhoria contínua: Tendo em vista a natureza dinâmica das mudanças climáticas e dos seus impactos, as organizações certificadas devem ser capazes de monitorizar e melhorar continuamente. Tal garante que a organização possa adaptar as suas estratégias em resposta a novas informações, regulamentações e melhores práticas relacionadas com as mudanças climáticas.

Soluções inovadoras para uma maior resiliência: As organizações poderão ter de investir em soluções inovadoras para reforçar a resiliência face aos desafios e riscos induzidos pelo clima, e contribuir desta forma para um melhor desempenho e eficácia.

Planeamento estratégico a longo prazo: As organizações devem ter em conta as tendências e questões contextuais a longo prazo, incluindo as relacionadas com as alterações climáticas. Isto permite um planeamento estratégico que se alinha com os objetivos globais de sustentabilidade e com os esforços de mitigação das alterações climáticas.

Reputação e valor da marca: As organizações que não abordam os riscos das alterações climáticas ou que não adotam práticas sustentáveis podem sofrer em termos de reputação e valor da marca, uma vez que os consumidores e os investidores valorizam cada vez mais a sustentabilidade. Para algumas organizações, a perceção pública também pode ser crítica. As que não tomarem medidas adequadas para combater ou se adaptarem às alterações climáticas podem sofrer danos na sua reputação, o que pode ter um impacto direto na fidelidade dos clientes e no valor da marca.

Seguro e gestão de riscos: O aumento da frequência e da gravidade dos fenómenos meteorológicos pode conduzir a prémios de seguro mais elevados. Para as organizações com ativos físicos significativos, ou para as que operam em zonas de alto risco, isto pode representar um encargo financeiro substancial.

Identificação de novas oportunidades: As organizações podem também procurar oportunidades decorrentes da transição para uma economia mais ecológica, como o desenvolvimento de novos produtos ou serviços, melhorias de eficiência e o acesso a novos mercados.

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