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    No próximo dia 20 de novembro, em Viseu, vamos reunir especialistas e empresas de referência do setor vitivinícola para um evento dedicado à sustentabilidade na vinha e na produção de vinho e de outros produtos de origem vitivinícola. Além de explorar os desafios da sustentabilidade, o evento abordará os processos…
14 Set. 2023

Transição sustentável para uma economia verde

Transição sustentável para uma economia verde

Face às alterações climáticas e aos desafios económico-sociais, tornou-se indispensável definir e implementar um plano de ação global que concretize, através de objetivos e metas, o caminho para um mundo melhor, que promova a sustentabilidade ambiental, a justiça, a igualdade e a paz. Este alinhamento de objetivos contribui para uma economia verde, de baixo carbono, eficiente em termos de recursos e socialmente inclusiva.

Existem, já, algumas orientações e medidas definidas que pretendem contribuir para uma mudança transformadora, dando resposta à crescente preocupação e exigência da sociedade, de ações diretas e rápidas pelos governos e pela União Europeia (UE).

Em 2015, 193 líderes mundiais assumiram o compromisso de direcionarem todos os esforços no cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Esta proposta, conhecida como Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, tem como missão a erradicação da pobreza e o desenvolvimento económico, social e ambiental, à escala global.

Ao nível da UE foi estabelecido o objetivo de ser climaticamente neutra até 2050 – Pacto Ecológico Europeu, e de reduzir as emissões em 55% até 2030 (Fit for 55). Portugal também se comprometeu com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.

Assim, podemos destacar 4 temas-chave que estão na ordem do dia, intimamente ligadas à transição para uma economia verde:

Desenvolvimento sustentável: “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. É um aspeto central das agendas políticas nacionais, europeias e mundiais, no sentido da adoção destes princípios estratégicos, que têm como objetivo reforçar e harmonizar as diferentes abordagens às questões económicas, ambientais e sociais.

Descarbonização: processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2), com o objetivo de alcançar uma economia global com emissões reduzidas e conseguir a neutralidade climática através da transição energética, é um termo bastante atual que resulta dos referidos compromissos.

Critérios ESG: O desempenho não financeiro das organizações tem cada vez mais relevância para as diversas partes interessadas, nomeadamente o desempenho ambiental, social e de governance (ESG - Environmental, Social and Governance)

Economia circular: conceito cujo princípio fundamental é manter os recursos retirados/provenientes do ambiente no circuito económico, prolongando o seu ciclo de vida e evitando a sua devolução em forma de desperdício.

As organizações estão pressionadas pelo mercado e começam a ter a perceção da necessidade de contribuir para um desenvolvimento sustentável nas suas diferentes dimensões. Para tal, focam-se numa gestão eficaz e eficiente dos seus processos de forma a garantir a qualidade dos seus produtos ou serviços, visando equilibrar a prosperidade económica (criação de valor para os Stakeholders), a equidade social e a preocupação ambiental. Estas organizações reconhecem, na implementação e certificação de um sistema de gestão integrado (SGI), uma ferramenta primordial para criar vantagens competitivas e alcançar o conceito de Desenvolvimento Sustentável. A ideia subjacente a este conceito é que uma organização, na medida do possível, pode gerir a totalidade das suas operações através de um SGI, garantindo o cumprimento dos requisitos legais e regulamentares, assim como as necessidades dos diversos aspetos do negócio, nomeadamente a satisfação dos clientes, a qualidade dos produtos ou serviços, a geração de valor para os seus Stakeholders, o bem-estar e segurança dos colaboradores e a minimização do impacto das operações no ambiente e na sociedade. A certificação do SGI permite a validação das boas práticas das organizações por uma entidade independente, garantindo que os seus processos, produtos e serviços estão em conformidade, contribuem para uma maior notoriedade e melhoria da imagem da organização perante o mercado e a sociedade, o que se pode traduzir no acesso a novos mercados.

Adicionalmente, decorrente do conhecimento atual sobre a influência da atividade humana nos eventos climáticos adversos, é aceite que a descarbonização, que pode ser alcançada nas várias etapas do ciclo de vida de um produto ou serviço, e ao longo da cadeia de valor, tem efeitos positivos na diminuição destes eventos: a redução dos gases com efeitos de estufa emitidos vai aliviar o resultado da sua consequência no aquecimento global, degelo, alterações das correntes, alterações nas estações do ano, entre outros.

Considerando a sequência de etapas do ciclo de vida de um produto ou serviço, podem ser implementadas ações ou soluções que minimizem os impactes e as emissões de GFEE logo na fase inicial, optando por meios de transporte com menores emissões, promovendo reuniões remotas, ajustando circuitos de logística para evitar rotas desnecessárias, escolhendo materiais reciclados ou recicláveis, equipamentos mais eficientes, potenciando matérias renováveis, entre outras.

Um processo de fabrico de produtos ou uma prestação dos serviços mais sustentável, passa por incluir soluções de otimização de processos e aumento da eficácia e eficiência. São exemplos a manutenção adequada dos equipamentos, o aproveitamento das matérias-primas recorrendo a equipamentos automatizados e com alta eficiência, a redução do produto não conforme através da otimização das matérias-primas utilizadas e da redução dos resíduos produzidos, a melhoria dos consumos energéticos e da origem da energia.

Assim que o produto ou serviço é disponibilizado ao mercado, o impacto e a sustentabilidade das opções de design começam a fazer-se sentir, tanto na fase de utilização (por exemplo, pelo prolongamento do ciclo de vida dos produtos) como na fase final do seu ciclo de vida (reciclagem, reutilização e tratamentos de fim de vida com menor impacte).

Todas as oportunidades e alterações anteriormente identificadas permitem, para além de uma economia de baixo carbono, a transição para uma economia circular em detrimento do modelo mais antigo e menos sustentável da economia linear, mantendo os recursos na cadeia de valor por mais tempo, e reduzindo os desperdícios e os consumos desnecessários de energia.

O paradigma da Economia Circular, também promotor da descarbonização, prevê ainda novos modelos organizacionais a um nível mais macro, envolvendo as comunidades a nível local e nacional. Estes modelos promovem a colaboração entre as várias partes interessadas nas comunidades (indústria, população, cidades, administração local, comunidades intermunicipais) e resultam em poupanças significativas nos consumos energéticos (redução do consumo da iluminação pública e controlo do consumo de gás), na sua produção e, naturalmente, nas emissões daí resultantes. Estes modelos procuram, igualmente, alterar os comportamentos dos cidadãos como parte dessas comunidades. Atualmente, são já várias as normas adaptadas para a nova realidade das cidades e comunidades sustentáveis.

Por fim, após a implementação das ações e boas práticas que permitem a descarbonização e a promoção da economia circular, e no caso de não ser possível atingir valores mais baixos de emissões, o sequestro do carbono da atmosfera é a solução ideal para compensar as emissões ainda presentes. Com recurso a uma gestão agroflorestal sustentável, é possível criar sumidouros de carbono, reduzindo o seu peso no efeito de estufa e, consequentemente, o impacto nas alterações climáticas. A floresta apresenta um papel muito importante no sequestro de carbono, situação que tem gerado mercados próprios de gestão de créditos de carbono para serem transacionados para compensação das emissões.

A gestão florestal sustentável e a utilização responsável da matéria-prima proveniente da floresta, em todas as etapas de transformação do produto até chegar ao consumidor final, confirmadas pelas certificações FSC® (FSC® A000537) e PEFC, promovem a utilização de produtos de base florestal responsável, ambientalmente adequada, socialmente benéfica e economicamente viável, assegurando as necessidades da geração presente sem comprometer as das gerações futuras. Estas certificações são reconhecidas pelo consumidor, respondendo à crescente preocupação com os aspetos sociais e ambientais relativos à origem do produto.

A preocupação com a transição para uma economia verde também se reflete no mundo das certificações, verificações e auditorias, onde se sente um aumento significativo da procura por normas que apoiam no controlo das emissões das organizações e produtos. Destacamos a Pegada de Carbono (Protocolo GHG, ISO14064-1, ISO14067, ISO14064-2), que permite às organizações determinarem as emissões de GEE e definirem medidas de compensação, controlo, redução e mitigação para os mesmos, a Pegada Hídrica (ISO14046) tornando as organizações mais resilientes face às crescentes vagas de secas, a Gestão adequada da Energia (ISO 50001), e a Economia Circular (Ecodesign, ISO 14006 e Fim do Estatuto de Resíduo) com o objetivo de aumentar a eficácia e eficiência sustentável dos processos produtivos.

Finalmente, o desempenho não financeiro das organizações é cada vez mais relevante para as diversas partes interessadas, nomeadamente o desempenho ambiental, social e de governance, sendo os critérios ESG e os Relatórios de Sustentabilidade importantes para a definição de estratégias organizacionais. A verificação de relatório de sustentabilidade de acordo com as normas GRI - Global Reporting Initiative, referenciais mundialmente reconhecidos, identificam os princípios para as organizações tornarem a sua atividade e gestão mais sustentáveis através do estabelecimento de metas, avaliação de desempenho e gestão da mudança.

Para além destas normas, existem muitos outros programas internacionais, comunitários e nacionais de apoio à descarbonização, como o CELE, Fundo Ambiental, o PRR, entre outros.

A APCER, entidade certificadora reconhecida nacional e internacionalmente, tem mais de 25 anos de experiência de colaboração com as organizações, cumprindo a sua missão de construir confiança entre pessoas e organizações, melhorando as práticas de gestão e contribuindo para uma sociedade sustentável. Disponibiliza, também, soluções formativas, na modalidade aberta ou incompany, que contribuem para a aquisição de competências, para o aumento do conhecimento e para o desenvolvimento de talento.

 

Pedro Fernandes
Climate Change Business Developer
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