As empresas do setor têxtil enfrentam crescentes exigências de sustentabilidade, pelo que procuram, cada vez mais, garantir práticas que respeitem o ambiente e promovam a responsabilidade social.
De acordo com o relatório “Fashion on Climate” (Global Fashion Agenda & McKinsey), o setor têxtil é responsável por cerca de 4% das emissões globais de carbono, equivalente às emissões anuais de França, Alemanha e Reino Unido juntos. A maior parte das emissões provém do processamento de materiais e da produção, sugerindo que a adoção de materiais sustentáveis e eficiência energética pode ter um impacto significativo. Assim, até 2030, a indústria terá de reduzir as suas emissões em 50% para se alinhar com as metas do Acordo de Paris. Corroborando a necessidade da alteração de práticas, a exigência por materiais certificados aumentou 10% nos últimos anos, impulsionada por consumidores que procuram garantias de sustentabilidade e ética (Relatórios de Sustentabilidade da Textile Exchange). Por outro, estima-se que a adoção de práticas de sustentabilidade permite a este setor lucrar, em média, até 5% mais.
Neste contexto, diversas ferramentas de auditoria e certificação têm-se revelado essenciais para melhorar o desempenho sustentável, fortalecer a confiança dos clientes e consolidar relações com fornecedores.
No campo das certificações específicas para o setor têxtil, o GOTS asseguram que os produtos cumprem com rigorosos padrões ecológicos e éticos, desde a origem das matérias-primas até ao produto final, promovendo a utilização de fibras orgânicas e fomentando um mercado sustentável e alinhado com os valores dos consumidores atuais.
O GOTS garante que toda a cadeia de produção, desde a colheita das matérias-primas até à embalagem final, cumpre critérios ambientais e sociais rigorosos, enquanto a Textile Exchange promove a utilização de materiais preferenciais, com impacto positivo no ambiente. É de salientar, ainda, que empresas certificadas de acordo com o GOTS ou Textile Exchange relatam uma redução média de 20% a 30% nas emissões de carbono, devido ao uso de fibras orgânicas e recicladas. Adicionalmente, as empresas que implementam estas normas reportam maior eficiência e menos desperdício na cadeia de fornecimento, contribuindo para melhores práticas ambientais. Estas certificações são reconhecidas globalmente e ajudam as empresas a distinguir-se no mercado, satisfazendo consumidores que priorizam a sustentabilidade.
O cálculo da pegada de carbono é, também, uma ferramenta crucial para as empresas do setor têxtil que procuram alinhar-se com as metas europeias de redução de emissões e com os crescentes padrões de sustentabilidade exigidos pelo mercado. Ao quantificar as emissões de CO₂ associadas aos seus processos, estas empresas conseguem identificar áreas de maior impacto, implementar melhorias e, assim, reduzir o consumo de recursos e custos operacionais. Além de cumprir regulamentações, o cálculo da pegada de carbono reforça o compromisso ambiental, tornando-as mais competitivas e confiáveis perante clientes e parceiros. A APCER pode apoiar as organizações no cálculo da pegada de carbono, ou na verificação de cálculos já efetuados. A verificação é fundamental para garantir a precisão dos dados reportados e fortalecer a credibilidade das iniciativas ambientais das empresas, demonstrando transparência e compromisso real com a redução de emissões.
Além da pressão dos consumidores, também a pressão regulamentar europeia tem aumentado, com a publicação do Regulamento de Divulgação de Informações de Sustentabilidade das Empresas (CSRD), o setor têxtil enfrenta a necessidade de reportar o seu desempenho ambiental, social e de governança (ESG). Esta obrigação visa aumentar a transparência e promover práticas sustentáveis nas cadeias de fornecimento. Trabalhar a sustentabilidade é essencial para cumprir a lei e fortalecer a confiança junto de clientes e investidores, destacando-se num mercado cada vez mais atento à responsabilidade ambiental e social. A APCER apoia as organizações na elaboração ou verificação das suas demonstrações de sustentabilidade, que muitas vezes surgem na forma de relatórios. Estes documentos são a chave para comunicar aos seus stakeholders o impacto das suas atividades e as medidas tomadas para minimizar riscos ambientais, sociais e de governance.
Segundo o “Pulse of the Fashion Industry” (Global Fashion Agenda), estima-se que cerca de 87% dos materiais utilizados na produção de vestuário acabam em aterros ou incinerados, o que representa uma enorme perda económica e ambiental. Anualmente são geradas mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis, e a falta de infraestruturas e tecnologias de reciclagem para têxtil limita a transição para uma economia circular (“Circularity Gap Report”, Circle Economy). Neste sentido, o ecodesign é fundamental para criar produtos mais duradouros, reutilizáveis e recicláveis, reduzindo a necessidade de novas matérias-primas e o desperdício. Este processo incentiva as empresas a inovarem no design, com foco em sustentabilidade e responsabilidade ambiental, promovendo soluções que atraem consumidores conscientes. As empresas que pretendam integrar práticas de ecodesign no desenvolvimento de produtos, promovendo a redução do impacto ambiental ao longo do ciclo de vida dos mesmos, podem seguir a ISO 14006.
Por sua vez, as auditorias a fornecedores e avaliação da adoção de códigos de conduta específicos, como amfori BSCI, SMETA, SLCP, Higg FLSM, amfori BEPI e Higg FEM, aumentam a confiança nas avaliações da cadeia de fornecimento da indústria têxtil, assegurando que os parceiros de negócio cumprem normas rigorosas de responsabilidade social e ambiental. Estas auditorias e verificações permitem avaliar as condições laborais, o respeito pelos direitos humanos e as práticas de produção sustentável, proporcionando maior transparência e confiança na cadeia de fornecimento. Ao adotar estas normas, as empresas reforçam o seu compromisso com práticas éticas e sustentáveis:
- amfori BSCI (Business Social Compliance Initiative) é um sistema de auditoria e monitorização que visa assegurar práticas de responsabilidade social na cadeia de fornecimento, promovendo condições de trabalho éticas e seguras, incluindo o respeito pelos direitos laborais, salários justos e a prevenção do trabalho infantil.
- SMETA (Sedex Members Ethical Trade Audit) é uma metodologia de auditoria ética desenvolvida pela Sedex que avalia condições de trabalho, saúde e segurança, gestão ambiental e práticas de negócios. É amplamente utilizada para promover transparência e melhorar as práticas de responsabilidade social nas cadeias de fornecimento.
- SLCP (Social & Labor Convergence Program) é um programa de avaliação que padroniza a recolha de dados sociais e laborais, permitindo que as fábricas e as marcas acedam a informações consistentes sobre as condições de trabalho. Facilita a colaboração e evita auditorias redundantes, promovendo melhorias concretas nas condições laborais.
- Higg FLSM (Facility Social & Labor Module) é uma ferramenta da Sustainable Apparel Coalition que mede as condições sociais e laborais nas fábricas, ajudando as empresas a avaliar o impacto social das suas operações e a identificar áreas para melhorias na segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores.
- amfori BEPI (Business Environmental Performance Initiative) oferece uma estrutura de avaliação ambiental para as cadeias de fornecimento, ajudando as empresas a identificar, monitorizar e melhorar o desempenho ambiental dos fornecedores em áreas como consumo de água, emissões e gestão de resíduos.
- Higg FEM (Facility Environmental Module) é um módulo do Higg Index que permite às fábricas medirem o impacto ambiental das suas operações, avaliando áreas como consumo energético, uso de água e gestão de resíduos. Este módulo ajuda as empresas a definir metas de sustentabilidade e reduzir a pegada ambiental das suas cadeias de fornecimento.
A adoção de práticas de sustentabilidade na indústria têxtil é hoje uma necessidade incontornável, impulsionada tanto pela regulamentação europeia como pela crescente exigência de consumidores e parceiros por transparência e responsabilidade ambiental. Ferramentas como certificações de materiais, auditorias sociais, o cálculo rigoroso da pegada de carbono e o apoio na demonstração de sustentabilidade, oferecem às empresas do setor têxtil caminhos práticos para melhorar o seu desempenho sustentável.
A APCER surge como parceira das empresas do setor têxtil neste percurso, disponibilizando ferramentas de advisory, auditoria e certificação que asseguram a implementação eficaz de práticas sustentáveis. Com o apoio da APCER, as empresas conseguem alinhar-se mais facilmente com as exigências regulamentares e de mercado, reforçando a sua credibilidade e o compromisso com uma produção ética e ambientalmente responsável.